Na última quinta tive o prazer de ir ao cinema mais uma vez, sozinho. Ritual que faço com devoção. Como de hábito costumo observar os outros filmes, as sessões, os futuros lançamentos. Quando me dou de cara com um lançamento em particular "Utopia e Barbárie" o novo documentário de Silvio Tendler. Dele, tinha visto apenas o documentário sobre Glauber Rocha que gostei muito. Resolvi assistir e, pelo que notei, a empreitada não fora nada ruim.
O Documentário de Silvio Tendler parte do pós-guerra em especial do evento das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, traçando um elo possível entre todos os eventos como se a Utopia e a Barbárie vivessem em uma explendida harmonia.
Passamos por muitos pontos da nossa história, e da história da américa latina que, ao meu ver, dão um toque peculiar ao documentário. Mostrando que aqui também existiram utopias e barbáries (algumas utopias maravilhosas). Temos opiniões de muitos intelectuais de peso, como Susan Sontag, Amos Gitai, Eduardo Gaelano, Jacob Gorender, Leandro Konder (que fala uma frase maravilhosa de Walter Benjamin), Augusto Boal, Gianni Váttimo entre outros.
Sai do cinema tocado, como jamais tivesse saído nesses últimos tempos. É muito bonito olhar aquelas imagens da época e perceber a diferença e o quanto um "ideal" tinha força. Além da sobriedade de alguns intelectuais de observarem os "erros" repensarem suas atitudes perante a época mas que, mesmo assim, se sentem felizes pelo que fizeram e protagonizaram.
O trecho de Eduardo Galeano fala é muito significativo uma declaração de amor a História ele diz algo como que "a história é uma senhora muito exigente, tem o tempo dela para realizar as coisas, o momento dela, quem somos nós para reduzi-la a um mero conjunto de vontades rapidamente?"
Como fala o históriador Elias Thomé Saliba "A história faz as utopias e as utopias fazem a história."
Poético, encantador, UTÓPICO (no melhor sentido que essa palavra possa ter), Silvio Tendler acerta mais uma vez.
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