domingo, 20 de março de 2011
Notícias de uma Guerra Particular: apontamentos
Um bom documentarista procura, por meio do conjunto de imagens e sons, acrescido a uma voz que os une (ou vozes) defender um ponto de vista. Esse mesmo ponto de vista é puramente calcado no mundo histórico o qual ele vive. É a partir dessa ideia do estudioso de documentários Bill Nichols que farei um breve texto referente ao documentário Notícias de uma Guerra Particular.
O documentário Notícias de uma Guerra Particular traz, como o próprio nome sugere, uma visão peculiar da guerra existente nos morros do Rio de Janeiro entre Traficantes e Policiais. Dirigido por João Moreira Sales e Katia Lund, o documentário trouxe novas concepções do espaço social da favela e também de seus habitantes.
A primeira coisa que pode ser apontada é o fato de que os documentaristas trabalham com comparações, de ideias que possam soar abstratas se pensarmos, exemplos como: vida, trabalho, auto-estima, morte. Vemos um documentário ao estilo expositivo em que vemos os problemas presentes e, logo em seguida, observamos a partir dos olhos dos documentaristas as comparações.
Talvez recorrer a Foucault seja uma ajuda e tanto, ao falarmos de discurso, pois cada "personagem" apresenta sua visão de mundo frente a mesma ideia e, notamso o quão díspar são essas mesmas visões. Um fator interessante é a visão de um jovem preso em uma casa de detenção do Rio e a de um policial do Bope sobre a morte. Ambos não sentem em si nenhum peso na consciência perante ao ato de matar. Algo curioso, pois tanto do lado do policial quanto do lado do jovem sabem que são forçados a agirem assim.
Um outro fator interessante presente no documentário é a presença de moradores do morro, explicando sua visão do espaço e dos jovens. Ao observarem o quão isolados socialmente são esses jovens e, pelo fato de não terem uma opção melhor lutarem por algo melhor dentro do tráfico (lembrando que este documentário foi feito sem nenhuma orientação acadêmica, seu intuito era simplesmente colher opiniões de pessoas que realmente vivem essa situação).
Apesar de tratar de um universo tão desigual e desumano, Notícias de uma Guerra Particular tem seu lado poético, um bom exemplo disso é a visão aérea da favela, muito repetida em alguns filmes do mesmo gênero. Nos mostra o lado "humano" das pessoas, disseca o que é viver ao extremo, o que é ser uma pessoa a margem de tudo.
Para quem ainda não conhece, fica aí a primeira parte do Filme.
http://www.youtube.com/watch?v=zp7KVlft-54
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Curva do Destino ou, a arte de se fazer bom cinema!
Primeiramente peço desculpas a todas as pessoas que me seguem e também pela demora. Atualmente o tempo tem sido meu inimigo. Escola, aulas, reuniões, a publicação de um conto, etc. Porém, o mais importante é que estou aqui. E escrevendo sobre filmes (a chama não pode se apagar).
O Filme de hoje é um Noir, chamado Curva do Destino de Edgar G. Ulmer. Diretor Austríaco da Paramount que produziu mais de 100 filmes e, mesmo assim, se tornou notório na história da 7ª arte. Sabemos que os filmes do estilo noir são, no geral, tramas cheias de reviravoltas, mocinhos, bandidos, o mundo ingrato do submundo levado aos extremos. Curva do Destino seguiria o mesmo caminho, se não fosse por um pequeno diferencial.
A História começa com Al Roberts, pianista de clubes noturnos americanos que para em um bar e, enquanto bebe, acaba se sentindo incomodado devido a uma música que tocam. Demonstrando um caráter extemamente desagradável dentro do ambiente causando estranhamento nas pessoas do local. Nesse momento ocorre uma sequencia em Flashback que irá no contar a história desse homem.
O que poderia ser mostrado como um assassino, ou um fugitivo suspeito, dá lugar a um homem que vive da noite, porém solitário, idealista por excelência pretende se casar com uma moça (a mesma tem o sonho de ser cantora em Hollywood).
Passado um tempo na trama vemos que o mundo de Al Roberts se desmorona, sua namorada consegue ir para Hollywood. Sem ação, Al Roberts começa cair em desgraça, entregue a bebida passa seu tempo vagando pelas ruas.
Al Roberts resolve apostar todas as fichas em sua amada, e resolve ir até Hollywood em busca dela. No caminho encontra um homem que conta sobre sua vida, este estranho homem morre acidentalmente e Al Roberts assume sua identidade.
Começa aí uma longa e contínua sequencia de eventos catastróficos na vida do personagem principal. Edgar g. Ulmer traça paralelamente uma curiosa crítica ao American Way of Life e em especial, a indústria dos sonhos, da qual ele nunca fez parte.
Edgar Ulmer mostra que é possível fazer bom cinema com muito pouco e, acima de tudo nos ensina a ser inventivo. Uma trama pretensiosa e perfeita, precisa em seus argumentos. Nos passa por meio de belas imagens um estudo preciso de como era a vida dos marginais nos E.U.A., como a música contribui para a formação de identidade social do artista em especial indo para um viés mais sociológico, neste caso o Jazz dos guetos (tocado por um branco).
O Filme de hoje é um Noir, chamado Curva do Destino de Edgar G. Ulmer. Diretor Austríaco da Paramount que produziu mais de 100 filmes e, mesmo assim, se tornou notório na história da 7ª arte. Sabemos que os filmes do estilo noir são, no geral, tramas cheias de reviravoltas, mocinhos, bandidos, o mundo ingrato do submundo levado aos extremos. Curva do Destino seguiria o mesmo caminho, se não fosse por um pequeno diferencial.
A História começa com Al Roberts, pianista de clubes noturnos americanos que para em um bar e, enquanto bebe, acaba se sentindo incomodado devido a uma música que tocam. Demonstrando um caráter extemamente desagradável dentro do ambiente causando estranhamento nas pessoas do local. Nesse momento ocorre uma sequencia em Flashback que irá no contar a história desse homem.
O que poderia ser mostrado como um assassino, ou um fugitivo suspeito, dá lugar a um homem que vive da noite, porém solitário, idealista por excelência pretende se casar com uma moça (a mesma tem o sonho de ser cantora em Hollywood).
Passado um tempo na trama vemos que o mundo de Al Roberts se desmorona, sua namorada consegue ir para Hollywood. Sem ação, Al Roberts começa cair em desgraça, entregue a bebida passa seu tempo vagando pelas ruas.
Al Roberts resolve apostar todas as fichas em sua amada, e resolve ir até Hollywood em busca dela. No caminho encontra um homem que conta sobre sua vida, este estranho homem morre acidentalmente e Al Roberts assume sua identidade.
Começa aí uma longa e contínua sequencia de eventos catastróficos na vida do personagem principal. Edgar g. Ulmer traça paralelamente uma curiosa crítica ao American Way of Life e em especial, a indústria dos sonhos, da qual ele nunca fez parte.
Edgar Ulmer mostra que é possível fazer bom cinema com muito pouco e, acima de tudo nos ensina a ser inventivo. Uma trama pretensiosa e perfeita, precisa em seus argumentos. Nos passa por meio de belas imagens um estudo preciso de como era a vida dos marginais nos E.U.A., como a música contribui para a formação de identidade social do artista em especial indo para um viés mais sociológico, neste caso o Jazz dos guetos (tocado por um branco).
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